sexta-feira, 20 de abril de 2012

Canto ao Exílio em Caxias


 Em minha cidade havia palmeiras e canto de sabiás
                                        Nela, exalava o perfume dos jardins urbanos
Dela, se ouvia a linguagem singela do cotidiano
Com a minha cidade crescia a romântica pregação dos poetas

A inimizade humana passava por sobre ela
em nuvens sob eólica turbulência rumo a outras plagas,
para se derramar noutros cenários prenhes de social ganância

A ela, em minha infância, ouvi sinfonias nas horas iniciais
de um futuro desenhado com cores de abandono
Agora, que árvore dará abrigo a outros pássaros canoros,
para entoarem um canto de saudade?

Mas,

Sou um kármico pertencimento humano a ti
torrão exilado
quero para sempre te pertencer
grão de areia no teu chão sob um sol cáustico
barro escondido nas paredes da construção de tua eternidade
A ti
eis o que sou
Em ti
eis onde estou

E

quando a minha matéria inválida tombar

obediente à natureza cumprida

e imergir no teu barro...

Estórias de liberdade

serão tecidas sobre o ser

que não mais está cíclico ao meio...


Pois,


livre é o ser sem estar

e sido em sendo o verbo, ainda.

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