Em minha cidade havia palmeiras e canto de sabiás
Dela, se ouvia a linguagem singela do cotidiano
Com a minha cidade crescia a romântica pregação dos poetas
A inimizade humana passava por sobre ela
em nuvens sob eólica turbulência rumo a outras plagas,
para se derramar noutros cenários prenhes de social ganância
A ela, em minha infância, ouvi sinfonias nas horas iniciais
de um futuro desenhado com cores de abandono
Agora, que árvore dará abrigo a outros pássaros canoros,
para entoarem um canto de saudade?
Mas,
Sou um kármico pertencimento humano a ti
torrão exilado
quero para sempre te pertencer
grão de areia no teu chão sob um sol cáustico
barro escondido nas paredes da construção de tua eternidade
A ti
eis o que sou
Em ti
eis onde estou
E
quando a minha matéria inválida tombar
obediente à natureza cumprida
e imergir no teu barro...
Estórias de liberdade
serão tecidas sobre o ser
que não mais está cíclico ao meio...
Pois,
livre é o ser sem estar
e sido em sendo o verbo, ainda.
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